De acordo com as investigações, entidades que representavam aposentados e pensionistas do INSS descontavam, de forma indevida, uma parte do pagamento sem autorização dos beneficiários, usando, por exemplo, assinaturas falsas.
“Pessoas que estão em uma fase já adiantada da vida e foram vítimas, digamos assim, fáceis desses criminosos que se apropriaram das pensões e aposentadorias”, diz Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça e Segurança Pública.
A investigação começou na CGU, quando os auditores perceberam um salto nos valores dos descontos feitos por associações em benefícios do INSS. Em 2016, eram R$ 413 milhões. Em 2024, foram mais de R$ 2,8 bilhões. Aposentados confirmaram aos auditores que não autorizaram os descontos.
Uma das entidades investigadas é o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, Sindnapi, cujo diretor vice-presidente é José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão do presidente Lula. O sindicato disse que apoia as investigações que devem ser feitas de forma rigorosa.
A pedido da PF, a Justiça afastou o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que estava no cargo desde 2023, e outros cinco servidores da cúpula do instituto. Segundo investigadores, eles são suspeitos de omissão por não terem agido para impedir a fraude.
A defesa de Stefanutto não se manifestou. O ministro da Previdência, Carlos Lupi, disse que iria esperar o processo.
"A indicação do doutor Stefanutto é da minha inteira responsabilidade. Um servidor que até o presente momento tem dado todas as demonstrações de ser exemplar", diz Carlos Lupi, ministro da Previdência Social.
Apesar da defesa do ministro, no começo da noite desta quarta-feira (23), Stefanutto foi demitido. O governo suspendeu os acordos com 29 associações.