Nas últimas 24 horas, 46 pessoas morreram e outras 85 ficaram feridas, segundo o governo libanês; ataque deixou seis mortos em centro médico na capital
O Exército israelense realizou três ataques no subúrbio de Beirute pouco antes da meia-noite desta quarta-feira (horário local), matando pelo menos seis pessoas, na terceira série de ataques israelenses contra o reduto do movimento xiita político-militar em menos de 24 horas. Outro ataque, na Síria, matou o genro de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah morto na semana passada em Beirute.
Os novos bombardeios atingiram as regiões sul e central da cidade — os militares israelenses disseram que os ataques eram "precisos e limitados" contra o grupo. Nas últimas 24 horas, 46 pessoas morreram e outras 85 ficaram feridas, segundo o governo libanês, após ataques israelenses atingirem várias regiões do país.
Um dos ataques atingiu um centro médico ligado ao Hezbollah, a Organização de Saúde Islâmica, localizada na região central de Beirute, deixando, segundo relatos iniciais, seis mortos e sete feridos. Moradores da cidade, relata o jornal, ouviram um míssil cruzar os céus antes do estrondo no bairro de Bashoura, e vídeos publicados em redes sociais mostram instalações em chamas e escombros. Ao longo da madrugada de quinta-feira (noite de quarta-feira no Brasil), foram ouvidas outras explosões ao redor da capital libanesa.
Paralelamente, um bombardeio israelense contra um prédio residencial no distrito de Mazze, em Damasco, deixou três mortos, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, incluindo Hassan Jaafar al-Qasir, genro de Nasrallah. Al-Qasir era irmão de Jafar al-Qasir, responsável pelo transporte de armas do Irã para o Líbano, que Israel também anunciou ter matado em um bombardeio na periferia sul de Beirute.
Mais cedo, forças de Israel e do grupo xiita libanês Hezbollah travaram novos combates no sul do Líbano, um dia depois de o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometer retaliar o Irã pelo disparo de quase 200 mísseis balísticos contra o Estado judeu em um ataque que aumentou ainda mais a tensão regional. O Exército de Israel anunciou que oito soldados morreram em combate — alguns por disparos de mísseis antitanque e outros pela explosão de morteiros enquanto tentavam retirar cinco outros oficiais feridos.
Em um sinal de aprofundamento do conflito, o Exército de Israel, que enviou tropas terrestres para o Líbano na madrugada de terça-feira (noite de segunda no Brasil), disse que conduziu mais ataques contra alvos do Hezbollah após o grupo, que é apoiado pelo Irã, ter disparado mais de cem projéteis através da fronteira, um dia antes.
Na terça-feira, o presidente Joe Biden disse que as Forças Armadas dos EUA "apoiaram ativamente" a defesa israelense, com o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, afirmando que destroieres da Marinha se uniram a Israel para interceptar mísseis. França e Reino Unido também se juntaram nas medidas de proteção.
Após os ataques do Irã , Netanyahu afirmou que a República Islâmica, um adversário de longa data do Estado judeu, "cometeu um grande erro" e que "pagaria por isso". Ele não deu detalhes, mas em abril Israel disparou mísseis contra um anexo do consulado iraniano em Damasco, na Síria, em resposta a um ataque lançado por Teerã.
Nesta terça, o chanceler israelense, Israel Katz, declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres, persona non grata, proibindo-o de entrar no país após acusá-lo de não condenar de forma vigorosa os ataques do Irã.
A Guarda Revolucionária disse que o ataque de uma hora de duração foi uma retaliação pelos assassinatos recentes dos chefes do Hezbollah e do grupo terrorista Hamas, outro de seus aliados que combatem Israel na Faixa de Gaza. Mohammad Bagheri, um importante comandante do Irã, disse que os mísseis tinham como alvo três bases militares e o quartel-general do Mossad, o serviço de inteligência externa de Israel.
Um vídeo verificado pelo jornal americano The New York Times mostrou dezenas de mísseis explodindo em diferentes partes de Israel nesta terça, incluindo um a cerca de 800 metros da sede do Mossad. O Exército israelense disse que uma base aérea sofreu "alguns golpes", mas que a infraestrutura essencial não foi atingida.
O ataque iraniano ocorreu um dia depois do início da invasão do Líbano por Israel, que diz ter como objetivo destruir a capacidade do Hezbollah de atacar alvos israelenses.